terça-feira, 7 de setembro de 2010


Princesinha Mi, a bela,
lá formosa era ela...
como se diz em contos de fadas,
tinha pérolas nos cabelos,
na sua fronte dourada.
De gaze com fios d’ouro
era o lenço que ela usava,
e um trancelim de prata
a garganta lhe apertava;
de teia de traça leve
e tingida de luar
era o casaco que usava.
De orvalho de diamantes
o cinto que a apertava.
Se passeava de dia,
manto cinzento vestia
e capuz azul escuro;
mas se de noite saía
toda brilhante luzia
sob um céu cheio de estrelas.
Com sandálias de cristal
com as quais se dirigia
pra sua pista de dança,
um charco de linfa fria
que nenhum vento bulia.
Mas onde os seus pés tocavam
era uma chuva de estrelas
que da pista se elevavam
e apetecia bebê-las.
Levantou os olhos
para o céu sem fundo
e logo os baixou para as sombras do mundo,
os olhos baixou e viu a seu lado
uma princesa Xi
tão bela quanto Mi:
dançavam lado a lado!
Era tão leve como Mi
e, como ela, a mais bela do mundo...
Mas estava (nem parece deste mundo...)
pendurada de cabeça
sobre um poço sem fundo!
Coisa bela entre as mais belas:
estar de cabeça para baixo.
Sobre um mar cheio de estrelas!
Só os pés
poderiam tocar-se;
pois como encontrar a terra
– fosse vale ou fosse serra –
para não estarem em pé,
mas penduradas do céu,
com o chão por solidéu?
Como? Ninguém o sabia,
nem poderia aprendê-lo,
dos elfos na sabedoria.
Por isso, sempre sozinha,
dançando como antes,
luzindo como brilhantes
com sandálias de cristal,
e pérolas nos cabelos
seguia Mi.
Com pérolas nos cabelos,
com sandálias de cristal,
luzindo como brilhantes,
seguia Xi.

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