Thor, que é venerado na quinta-feira (Thursday), e ritualisticamente utiliza a cor vermelho-fogo, bem como o mineral ágata-de-fogo, é o segundo maior expoente da família dos Aesir.
Tido como "Senhor dos Raios, Trovões, Trovoadas, Relâmpagos e Tempestades", tinha por função proteger homens e deuses da influencia negativa dos gigantes.
A Edda o apresenta como um enorme e belissimo guerreiro de longos cabelos e barba ruiva, detentor de apetite voraz, sede incontrolável, voz estrondosa e penetrantes olhos que chispavam como fagulhas.
Venerado como príncipe dos deuses, este grande adversário e exterminador de gigantes (por quem nutria um ódio incontrolável), era também conhecido como Senhor dos Bodes, titulo oriundo da crença de que as trovoadas seriam nada mais que um passeio do príncipe, em seu carro puxado por dois bodes, atravessando ruidosamente os céus. A mitologia nos informa que Thor matava os bodes, e após digerir sua carne conservava os ossos para que pudesse com esses obter novos espécimes.
Segundo a lenda, Thor é filho de Odin com a deusa Iord (uma das representações da primitiva Mãe-Terra), e, devido a tal, seu nome era muitas vezes associado à fecundidade e ás questões agrícolas.
Thor é o deus que quebra as barreiras, vence as dificuldades e amplia os horizontes. Para ele não existem obstáculos intransponíveis, pois é tido como o mais forte e corajoso dentre todos os seres. Em decorrência de tal fato este deus era muitas vezes invocado em cerimônias de casamento com a intenção de suprimir qualquer dificuldade que pudesse vir a interferir na harmonia familiar dos recém-casados, além de atribuir fecundidade às esposas.
O poderoso Thor habitava o maravilhoso palácio Bilkirnir, que possuia 540 salas e inúmeros corredores tortuosos. Lá, em companhia de sua bela esposa Sif, vivia também sua filha Thrudh e seu leal criado Thialfi, que reunia as qualidades de confidente, conselheiro e companheiro de viagens. Porém, o deus uniu-se ainda à giganta Jarnsaxa, que lhe deu dois filhos, a saber: Magni (força), e Modi (coragem), que seriam os herdeiros do martelo mágico.
Devemos também relatar que o martelo Mjolnir não é o único artefato mágico do poderoso guerreiro, embora seja o mais importante pelo fato de voltar sempre às suas mãos apesar de seu cabo curto, e ser a grande arma para defender deuses e homens das influencias maléficas dos gigantes. Além de sagrar casamentos e os demais atos judiciais, sua inscrição em lápides funerárias assegurava o não-retorno dos mortos.
Os outros dois presentes que Thor recebeu dos anões mágicos Sindri e Brokk foram um cinturão mágico de força (com o qual o deus via seu poder redobrado), e um par de luvas de ferro que o tornavam ainda mais eficiente.
Os manuais de mitologia relatam vãrias passagens, nas quais podemos ter uma visão bem clara do perfil psicológico deste deus tempestuoso e passional, que sempre se encontrava envolvido em embates contra os seus arquimimigos gigantes. Destas, trazemos á baila uma das mais divertidas passagens da mitologia nórdica:
"Sem seu martelo mágico, Thor deixaria de ser ele mesmo. Então, um dia, Thor e seus companheiros, depois de um longo banquete, caíram num sono profundo. Nesse instante, um visistante não desejado entrou no palácio e roubou o martelo mágico de Thor. (Talvez o próprio Loki, em mais uma de suas brincadeiras) Quando acordaram, Thor teve um acesso de fúria, porém, inútil. Loki foi investigar o caso (Talvez para disfarçar e desfazer sua brincadeira) e, a pretexto de se deslocar rapidamente, emprestou de Freya suas asas de cisne, embora não precisasse delas pois seus sapatos mágicos lhe permitiam ir a qualquer parte.
Ouviu ele dizer que o martelo provavelmente havia sido roubado por Thrym, o rei de um povo dos gigantes. Chegando lá, Thrym admitiu ter roubado o martelo de Thor e que só iria devolvê-lo caso Freya fosse viver ao lado dele. Loki voltou e contou isso, Freya ficou furiosa e se negou prontamente. O Deus Heimdall aconselhou o Deus do trovão a se disfarçar de mulher e ir no lugar de Freya, este só concordou porque Loki foi junto, como padrinho do casamento e representante de Asgard.
Depois de uma longa viagem, na sua carruagem sagrada, Thor e Loki chegaram no reino de Thrym. Este lhe ofereceu as boas vindas e comida. Thor esqueceu que estava vestido de mulher e comeu vorazmente um boi inteiro, oito salmões, todas as massas e doces que lhe foram oferecidos. Thrym ficou espantado:
- Nunca vi uma mulher com dentes tão afiados, nem apetite tão espantoso... - resmungou, meio desconfiado.
Loki disfarçou respondendo na maior cara de pau:
- Faz oito dias que, Freya, não come nada, de tanta vontade de conhecer o palácio de Thrym.
Thrym sentiu-se elogiado e se inclinou para beijar a noiva e resolveu abaixar um pouco o véu para vislumbrar a famosa beleza da deusa do amor. Porém, recuou em seu gesto, quando deparou-se com um par de olhos que mais pareciam fagulhas.
Loki, mais uma vez:
- Os olhos de Freya ardem de desejo, a ponto de emanar o brilho do fogo.
Convencido, Thrym mandou que um de seus servos trouxesse o martelo, para que então a cerimônia de casamento fosse concretizada.
Thor, ao ver a sua frente seu tão estimado objeto, desvencilhou-se rapidamente das vestes que omitiam sua condição e derrotou sozinho os servos e guardas do gigante Thrym, matando-o logo em seguida.
Retornou então Thor ao Asgard, munido novamente de seu poderoso martelo que garantia proteção não só às demais divindades, como também a todos os habitantes de Midgard."
Nenhum comentário:
Postar um comentário