sexta-feira, 24 de julho de 2009

O Santo Graal



A quem serve o Graal ?"

A figura do GRAAL passou a ocupar lugar de destaque na imaginação humana, desde que começou a ser difundida na Europa durante a Idade Média.

Paralelamente ao desenvolvimento desse conceito, floresceram os ideais do amor cortês e o culto religioso à Virgem Maria, ambos buscando a mulher como recipiente terreno e perfeito para conceber o Filho de Deus.


A lenda original:

1 - Antes do século VII, a tradição e a Bíblia propiciaram o desenvolvimento de uma história intrigante sobre o cálice sagrado. Antecedendo à criação do homem, houve uma grande batalha no céu. O Arcanjo Miguel e seus anjos guerrearam contra Lúcifer. O adversário e seus anjos combateram ferozmente, diz a Bíblia; "todavia não venceram, nem acharam mais seu lugar no céu. E a antiga serpente, o Grande Dragão chamado demônio ou satanás foi expulso de lá sendo atirado para a terra com seus anjos". Diz a lenda que Lúcifer trazia um pedra colada na testa, uma esmeralda que funcionava como um terceiro olho. Quando Lúcifer foi atirado pelo Arcanjo Miguel à terra, a esmeralda partiu-se e sua visão ficou prejudicada. Um pedaço permaneceu em sua testa dando-lhe uma visão distorcida de sua situação como anjo caído; o outro fragmento foi guardado pelos anjos. Mais tarde, o Graal foi esculpido neste segundo pedaço.

UMA PROMESSA DE VIDA NOVA PARA A HUMANIDADE

2 - O símbolo do cálice sagrado, enquanto motivo de poder e fonte de milagres, é tão antigo quanto a História. O SANTO GRAAL teve múltiplos precursores e apareceu sob variadas formas antes de ter sido identificado com o cálice do ritual usado na missa católica. Muitas vezes o GRAAL foi descrito não como um cálice, mas como uma pedra. Neste sentido o símbolo é profundamente alquímico, ou seja – a conciliação dos opostos mediante a harmonia entre o céu e a terra. A etimologia da palavra Graal é controvertida. Costuma-se considerá-la como oriunda do latim "gradais" - cálice. Outros dizem que "Graal" vem de outra palavra latina - ‘graduale’ que significa ‘gradual" um livro de orações e cânticos místicos.

MISTÉRIOS I

3 - Louis Charpentier diz que as Tábuas da Lei eram documentos sagrados dos egípcios levados por Moisés, juntamente com algum outro objeto durante o êxodo. Isso explicaria a perseguição movida pelo Faraó aos hebreus para impedi-los de deixarem o Egito.

4 - A Mesa de Esmeralda, távola ou Tábua de Esmeralda, atribuída a Hermes Trismegistos, contém elementos da Iniciação pelo Graal - a divisa VITRIOL, iniciais de uma sentença latina que significa "Visita o interior da terra e, trabalhando, descobrirás uma pedra oculta."

5 - Os celtas se referiam ao Graal como um caldeirão. Esse conceito popular lembrava-lhes abundância e renascimento. Muitos personagens míticos dos celtas estavam envolvidos com esse símbolo: Nasciens, foi transportado por mãos invisíveis para uma ilha onde lhe apareceu um caldeirão mágico; Dagda fortalecia os guerreiros com o alimento do caldeirão. Outro caldeirão célebre foi o pertencente à deusa Caridween, que preparou uma poção para infundir sabedoria em seu filho.

6 - Os recipientes, como a taça, o caldeirão e os vasos, são símbolos da matriz da vida. É no vazio que acontece o ciclo permanente de nascimento, morte e renascimento. Os cálices são oferendas ao espírito desconhecido que preside determinado tempo e local - uma oração que se eleva a Deus, pedindo que seu Espírito desça à terra. Este é o significado sagrado da missa católica: dois movimentos de direção oposta – o cálice voltado para o céu e o espírito projetando-se sobre ele – formam o ciclo de dar e receber, o eixo entre o superior e o inferior.

7 - Um cálice, um caldeirão, uma taça e uma cratera são metáforas para: A) o passivo que espera ser preenchido; B) o suporte de um conteúdo que aguarda para ser bebido.

PSICOLOGIA

8 - É no inconsciente que se encontra o arquétipos mais importante, o "self" ou Si Mesmo, uma forma vazia, um Graal que é preenchido por diversos nomes: Espírito de Cristo, o Verbo, o Deus de Nossos Corações e de Nossa Compreensão, o caldeirão, a taça, e assim por diante.

9 - Carl Gustav Jung disse: "a realidade da psique é minha hipótese de trabalho". Com isso ele queria dizer que estamos acostumados com uma visão material do mundo como sendo a única realidade. Tudo o que é psíquico é visto como sombra sem substância. Todavia, longe de sermos apêndices do mundo físico, somos sua própria condição de existência. Falar de coisas como o Santo Graal não é mais fantástico do que falar de coisas existentes na matéria. A psique tem sua vida e uma história, exatamente como nosso corpo. Os mitos fazem parte dessa linguagem, têm substância própria e explicam fenômenos importantes.

MISTÉRIOS II

10 - Por outro lado, parece que durante sua presença na terra, o GRAAL necessitou de um abrigo e, dado ao seu caráter espiritual, essa habitação deveria ser um templo especialmente projetado para esse fim e oculto da visão dos profanos. Mesmo se encararmos o GRAAL como um tema pertencente aos planos inexplorados da alma, restam-nos alguns enigmas históricos relacionados com a figura de JESUS CRISTO, José de Arimatéia, o Rei Arthur e, mais tarde, com os estranhos acontecimentos que marcaram a vida e agonia dos cátaros na região do Languedoc, no sul da França. Esses episódios, como veremos, custaram a vida de milhares de pessoas e permanecem até hoje como indicadores da provável existência física de um Rei e Sacerdote do SANTO GRAAL. Seria esse o Rei, eterno e onipresente Sacerdote da Távola Redonda, uma versão medieval inglesa relacionada à mesa da Última Ceia, sob a proteção de Arthur ? Ou seria essa Mesa Redonda uma forma de os místicos simbolizarem os círculos do infinito celeste e a egrégora da Grande Fraternidade Branca?

DESENVOLVIMENTO

11 - O episódio da crucifixão permanece ainda hoje como uma das imagens centrais da psique ocidental. A agonia de Cristo na cruz é o foco visual da contemplação cristã.

12 - Os ensinamentos sufis consideram o amor terreno idealizado um meio para se atingir a perfeição espiritual. Isso explica a inclusão do amor romântico ou cortês nas lendas e literaturas sobre o Graal. (No "Metropolitan Museum of Art" existe um vitral representando o Rei Arthur montando um camelo. Esta representação desconcertante – um camelo na Grã-Bretanha - mostra a influência do sufismo islâmico na tradição ocidental).

13 - Na Idade Média muitos aspectos da história do Graal foram acrescentados pelos remanescentes da cultura céltica cristianizada. Daí surgiu o caráter heróico dos personagens das lendas de cavalaria. Essas histórias ficaram conhecidas como "A Demanda do Graal".

OS TEMPLÁRIOS

14 - Em 1118 aconteceu a nova investidura de Melktsedek. A escolha recaiu sobre dois iniciados: Huges de Payns e Geoffroi de Saint-Omer. O aspecto sacerdotal foi transmitido secretamente por Teocletes, sexagésimo-sétimo sucessor do Apóstolo São João. A investidura pública do aspecto Rei, foi conferida por Garimond, representante do mundo oficial. Hugues de Payns e Geoffroy de Saint-Omer, foram instruídos a organizarem um grupo de cavaleiros dispostos a cumprir a missão secreta. A eles juntaram-se sete outros cavaleiros: André de Montbard, Gondemare, Godefroy, Roral, Payen de Montdésir, Geoffroy Bisol, e Archambaud de Saint-Agnan. Essas nove pessoas constituíram a Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo que tomou forma no anos seguinte. Por incrível que pareça, os nove partiram sozinhos para proteger os peregrinos. E, por iminente que fosse o perigo, não tomaram parte em nenhum combate. Permaneceram sozinhos e não recrutaram ninguém. Tudo indica que eles não estavam ali para lutar. Foram instalados no claustro do velho Templo de Salomão e aí está por que se tornaram os Cavaleiros do Templo. Ocuparam o local e vasculharam vários locais subterrâneos à procura de alguma coisa. Em 1128 seis desses cavaleiros retornaram a Champagne, na França com uma grande escolta. Outros três permaneceram na Terra Santa com o mesmo pretexto de proteger peregrinos. Por que uma escolta ? O que eles haviam encontrado e traziam de volta para a França ? Por que os outros três permaneceram na Terra Santa? Nesse mesmo ano, no Concílio de Troyes, o monge Bernardo de Clairvaux apresentou ao papa os planos para a fundação da Ordem dos Templários. A partir daí e durante os dois séculos seguintes, houve várias expedições à Terra Santa. Um complicado sistema de regras regia as ações dos cavaleiros em honra de sua dama. Se ele era um templário, supostamente dedicado aos votos de castidade, sua dama era a figura da Virgem Maria, que eles chamavam de Notre Dame – Nossa Senhora.

CÁTAROS

15 - Os cátaros, acreditavam que este mundo é o verdadeiro inferno; que a encarnação do Espírito do Cristo foi o verdadeiro sacrifício simbolizado na cruz do calvário. A Igreja Romana via o catarismo como um movimento reformista. No início do século XIII uma armada de cavaleiros do norte desceu pelo Languedoc para exterminar a heresia cátara e requisitar para si os ricos espólios da região. Conta-se que durante o assalto das tropas às fortalezas albigenses de, apareceu no alto da muralha uma figura coberta por uma armadura branca. Os soldados recuaram, temendo ser um guardião do Santo Graal. Mas, prevendo a derrota, os cátaros, ocultaram o Santo Graal num dos numerosos subterrâneos onde estaria até hoje. Nesse contexto histórico poderiam ser explicados os mistérios do Messias e as verdades que a Igreja proibiu sobre a "dinastia do cálice", a matança dos cátaros, as cruzadas e a história do abade Berenger Saunière em Rennes-le-Château, no Languedoc.

MISTÉRIOS III

16 - O caminho do GRAAL está indissoluvelmente unido à idéia de um sacrifício e de uma viagem cheia de perigos para os que desejam alcançar a iluminação, o renascimento ou a "vida eterna" segundo os cristãos. O início e o final da Busca do SANTO GRAAL são, por isso mesmo, momentos cruciais, pois é uma busca que não termina. O GRAAL tem que ser constantemente buscado no coração, na mente e no espírito; sua revelação final representa aquele ideal de subida aos planos superiores de existência, objetivo máximo de todos os místicos. Ao entrar em comunhão consigo mesmo, o místico descobre não uma melancolia - a cor negra, "nigredo" para os alquimistas - mas um parceiro interno, uma relação que se assemelha à alegria de um amor secreto. Este estágio da vida iniciática é representado pela primavera oculta, onde as sementes brotam da terra nua, trazendo as promessas de futuras colheitas.

REFLEXÃO:

(Mas, "o maior dos artifícios tem sido disfarçar o artifício". Quando vestígios corretos são revelados para o mundo, correntes interessadas em ocultar a verdade, divulgam a contra-informação. O que existe atualmente é um emaranhado de pistas falsas. Estamos revivendo a aventura dos Cavaleiros da Távola Redonda: eles que saiam em busca do Graal para cair nas garras de dragões e sucumbir aos encantamentos, sortilégios e magias.)


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