sexta-feira, 24 de julho de 2009

A lenda de Tyr


Tyr teve seu culto superior ao do Deus Odin entre as tribos dos semnones, saxônios e godos. Diretamente relacionado ao antigo Istwaz dos primitivos istevones, ou mesmo ao Ingaz dos ingevones (tribo germânica ás margens do Báltico), foi posteriormente identificado com o deus Freyr dos cultos setentrionais. Ao que tudo indica, parece fazer parte da mitologia germânica mais primitiva, devido a uma semelhança muito forte com o deus Pitar dos arianos.

Assim, a esse deus, identificado pela Edda como filho do gigante do mar de inverno, eram prestados cultos de reverência que o colocavam na posição de uni dos mais importantes membros do clã dos Aesir.

Encontraríamos então uma possível explicação para o fato de esse Deus, tido como Deus da Guerra, ser também honrado com oferendas que incluíam o sacrificio humano. Ao que tudo indica, o deus Tyr foi primitivamente cultuado como Senhor da Vida e da Morte.

A mitologia nórdica dá ênfase especial a esse deus, em função de sua imagem estar vinculada a uma das mais importantes passagens heróicas de sua cultura arquetípica: a do homem corajoso e audaz que nunca recua frente às regras pre-estabelecidas do jogo. Pois, como podemos perceber na obra Germania de Caio Cornelius Tacitus, nada era mais importante para o guerreiro nórdico do que a palavra empenhada.

"Quanto aos jogos de azar, coisa formidável! Entregam-se a eles mesmo estando em jejum, é como se fosse coisa séria; são de tal modo apaixonados pela vitória ou derrota que quando nada mais têm jogam uma última e definitiva partida, em que o preço é sua própria pessoa. O vencedor entrega-se à servidão voluntariamente..."

Assim, percebemos que é devido a este fato que a imagem de Tyr é associada aos campos de batalha, pois este deus jurista (Senhor das Regras do Jogo e da Palavra Empenhada) promove aos que lhes prestam culto tenacidade e coragem. Por automática correlação, sua runa era muitas vezes gravada em punhos de espadas, com a finalidade de atrair poder de vitória nos embates.

Conta-nos a lenda que os deuses foram avisados por uma vidente que o gigantesco Lobo Fenris preparava mais uma investida contra os seres humanos e deuses do Asgard; e que estes deveriam preparar rapidamente uma armadilha para impedir que o Lobo atingisse seus objetivos.

Assim, após uma reunião do Conselho Divino, chegaram à conclusão de que deveriam prendê-lo de modo definitivo, mas não poderiam matá-lo, pois isso acarretaria em derramamento de sangue no solo sagrado de Asgard.

Após duas tentativas frustradas, em que a despeito do fato de terem usado correntes fortíssimas o ser apenas inflando seu corpo conseguia se libertar, resolveram encomendar aos anões ferreiros Brokk e Sindri, um artefato que pudesse definitivamente libertá-los da ameaçadora companhia do lobo.

Qual não foi a surpresa dos Deuses ao perceberem que os anões irmãos lhes apresentaram não uma grosseira e resistente cadeia de metal, mas sim uma bela e sedosa fita, que por trás de sua aparente fragilidade guardava seis segredos mágicos que a tornavam indestrutível! Eram eles: miado de gato, barba de mulher, raízes de pedra, tendões de urso, sopro de peixe e saliva de pássaro.

Lançaram então os deuses um desafio público ao lobo, que desconfiado de estarem lhe preparando mais uma cilada concordou em permitir que lhe amarrassem a fita ao pescoço se um dos Aesir colocasse a mão direita em sua enorme boca. Entreolharam-se os deuses, pois bem sabiam o que aconteceria com aquele que se prestasse a realizar tão árdua tarefa. Ao perceber que nenhum deles tomava a iniciativa, o lobo começou a sorrir vitoriosamente. Neste momento então, o deus Tyr avançou e comprometeu-se a cumprir a parte do trato. Colocou decididamente a mão direita na boca do lobo, permitindo que os deuses lhe atassem a fita ao pescoço, se viu definitivamente preso, apesar do grande esforço que fazia para se libertar.

Irritado ao perceber que havia caído em uma emboscada, Fenris fechou violentamente a mandíbula decepando a mão destra do deus, que tivera a chance de retirá-la, mas não o fez em função do acordo anteriormente fechado.

Assim, o deus Tyr tem lugar de destaque no panteão nórdico o de Deus jurista, que preside julgamentos e sagra leis, além de proteger as decisões tomadas nas assembléias populares.

Seu dia de veneração é a terça-feira (Tuesday), sua cor o vermelho-rubi e sua pedra a granada.

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